domingo, julho 31, 2005

Sobre o Orkut

Eu gosto do orkut. Acho que, quando usado para o bem, é uma ferramenta extremamente útil, principalmente para seres ciganos como eu que, por causa de inúmeras mudanças de habitat, acabaram perdendo completamente o contato com pessoas que eram de relativa importância na sua infância/adolescência. Na maioria das vezes é legal encontrar essas pessoas. A grande maioria delas conservou as qualidades que fizeram aflorar a amizade entre vocês e também conservou aqueles defeitos com os quais você acabou se acostumando. Chato é descobrir que aquele sujeito, que estudou com você há uns 10 anos, que era seu amigão, se tornou tudo aquilo que você abomina em um ser humano. E mais chato ainda é perceber que ele ainda acha que pode retomar a amizade entre vocês do ponto em que ela parou. Um dos grandes benefícios do orkut é que se pode observar perfeitamente no que se transformaram (ou no que desejam se transformar) pessoas que fazem (ou faziam) parte do seu passado. Basta dar uma voltinha pelas comunidades: lá você saberá se o seu antigo amigo se transformou em um filósofo comunista comedor de criancinhas, um punk rocker malvadão revoltado com o mundo ou um marombeiro cuja vida gira em torno da academia. Se cada um escolhe o que quer ser da vida, por ser o que sou, eu tenho o direito de escolher com quem eu não quero andar. Talvez seja um preconceito, no fundo de comunistas, punk rockers malvadões e marombeiros podem existir pessoas legais, mas eu ainda assim acho que a companhia desse tipo de gente será muito mais um exercício de paciência do que um retorno aos bons e velhos tempos. É por isso que eu atravesso a rua para evitar cruzar com sujeitos de coturno, moicano, saia escocesa, cara de mau e uma camisa do velho Che. E entrar numa academia, nem pensar.

Se alguém, por um acaso, navegando pelo meu orkut, entrou no meu blog e leu esse texto, não leve a sério. Existe uma enorme possibilidade de não ser você que me motivou a escrever isso.

sábado, julho 30, 2005

Eu sou bonito.

Eu sou bonito. Descobri isso ontem à noite. Fomos eu e uns amigos para um bar estilo happy hour aqui em Sampa. Eram umas 22h30min da noite e a pista de dança ainda estava cheia de gente, a grande maioria do sexo masculino. Estávamos lá, nos divertindo, rindo um da cara do outro até que eu resolvi sair pra procurar alguma menina bonitinha pra dar uns malhos. Achei um grupinho razoável (tarefa difícil nesse dia) e fiquei observando de longe qual seria o meu alvo. Eu sempre me considerei um sujeito mais ou menos. Não me achava feio, mas tinha consciência de que eu não era nenhum Brad Pitt. Por esse motivo é que eu normalmente ataco a segunda menina mais bonita dos grupinhos que eu vejo. Não tinha a ousadia de chegar na melhor logo de cara. Pois bem, quando eu me preparava pra dar o bote na segunda mais bonita, eis que surge um japa no meu caminho. O japa bateu no meu ombro e falou: “É... chegou a minha vez” e colou justamente na menina que eu iria chegar, deixando como alternativa pra mim apenas a melhor do grupinho. Esperei um tempo, mas o japa gostava de falar e ficou lá no pé da muchacha um bom tempo. Desisti e ia me afastando, até que eu senti uma mão oriental me puxando pelo ombro. Era o japa, que chegou falando: “Vem aqui, deixa eu te apresentar as meninas”. Eu fui, afinal seria uma boa oportunidade de lançar um olhar de desejo na direção da muchacha perseguida pelo japa. Quem sabe assim, conhecendo as minhas intenções, ela não o dispensaria rápido e viria correndo para os braços do Cabelito aqui? Fui lá, apresentei-me para umas três mocréias, apresentei-me pra segunda mais bonita, lancei o olhar fatal (o meu olhar fatal diz: “te quero, baby”) e me afastei para que ela se sentisse à vontade para dispensar o japa. Foi então que eu senti uma macia mãozinha no meu antebraço, que deslizou suavemente até os meus dedos, me puxou e perguntou se eu não iria me apresentar a ela. Era a mais bonita do grupo (Tânia, o nome dela. Nota 7,75. Rostinho bonitinho, cabelos negros, magrinha, porém apetitosa). Disse a ela meu nome, falei mais umas três ou quatro frases e parti pro abraço. Naquele momento, as sentenças que surgiam em meus pensamentos eram: “beleza, consegui pegar uma gatinha nesse antro de mocréias” ou então “bendita a hora que o japa chegou na segunda melhor do grupo”. Foi então que eu decidi me ausentar por uns instantes para procurar os meus amigos, que haviam sumido de onde eu tinha os deixado. Dei uns seis passos olhei em volta, não vi meus amigos. Olhei pra trás e a cena que eu vi foi algo inusitado: a gatinha que eu há pouco tinha nos meus braços estava comemorando com as amigas o fato de ter ficado comigo. Eu, que achava que tinha grandes chances de levar um fora dela (como eu vi muitos outros levarem antes de mim) era uma espécie de troféu para ela. Isso foi uma grande massagem para o meu ego outrora murcho. Principalmente quando ela viu que eu estava vendo tudo. Ela me lançou um olhar sem graça e eu, um sorriso cínico e uma piscadela com o olho esquerdo. Achei meus amigos na fila para pagar, os deixei lá e voltei para os braços de Tânia por alguns instantes. Beijos, abraços, carícias e um telefone para o qual eu não vou ligar. Agora eu sou bonito, mereço mais.

quinta-feira, julho 28, 2005

Eu odeio All Star

A internet é uma arma perigosa. Ela permite que gente idiota como eu tenha o direito de divulgar besteiras das quais até Deus duvida. Mas por incrível que pareça, tem gente ainda mais idiota (bem mais) do que eu. Achei essa campanha aqui espalhada por alguns blogs de menininhas idiotas.

É triste ver que existe de fato muita gente que aderiu a campanha “All Star no pé, contrabaixo na mão e Rock’N’Roll no coração”. Aliás, essas menininhas não deveriam ter blogs. Isso é uma mutação. O normal seria que elas estivessem “poxtandu as suas fotinhax” em um flog qualquer e mendigando comentários repetitivos das amiguinhas bajuladoras que elas possuem. Os comentários, sejam de patricinhas ou roqueirinhas, são todos essencialmente iguais. O que as diferencia é o calçado. As patricinhas usam sandálias de salto, enquanto as roqueirinhas usam all star. Até que eu consigo entender que tanta gente use essa porcaria de tênis feio que é o all star. Se não fosse o all star, nada mais diferenciaria as roqueirinhas das patricinhas que elas tanto detestam. O all star não é só um tênis feio pra gente que tem um absurdo mau gosto: é um grito de liberdade adolescente que faz com que essas menininhas sintam-se superiores às patricinhas. O objeto que faz com que elas rompam com o sistema sujo e supérfluo do qual elas ilusoriamente acham que se libertaram. Eu odeio o all star. Odeio principalmente que essas pessoas que usam o all star fiquem chamando Nirvana e Evanescence de rock, mas vou deixar isso pra outro post. Só pra concluir, na verdade essas menininhas são todas iguais: tudo o que elas querem é ser igualmente diferentes.

**Voltei algumas horas depois do post pra dizer que existe luz no fim do túnel. Aqui existe uma adolescente que não está resumida nas minhas palavras acima.**

Travesti que participava de quadro na TV morre após cair de prédio
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u111418.shtml

Um breve resumo: o traveco participava do quadro do Super Pop, "Camila quer casar" e caiu do sétimo andar do prédio onde ele(a) morava. Se ele(a) caiu ou não, morreu ou está vivo(a), pouco me importa. A merda é saber que temos um reality show que procura um parceiro para um traveco. Não sou homofóbico. Não sou contra a aparição de travecos em shows de tv, só acho realmente péssima a idéia de explorar como um show de horror a busca amorosa de um traveco. Será possível baixar o nível da televisão brasileira ainda mais? O que falta vir pela frente(ou por trás, no caso do traveco), a cobertura completa do casamento do traveco com direito a imagens exclusivas da noite de núpcias? A cirurgia de mudança de sexo ao vivo transmitida em rede nacional? O parto do filho da Roberta Close? Melhor parar por aqui, estou dando idéias demais. E o pior, de graça.

terça-feira, julho 26, 2005

Cara de foto

Toda mulher classificada de meieira (nota entre 4,5 e 7,5) tem uma cara ensaiada para as fotos. As bonitas não; elas são bonitas, sabem disso e não estão ligando se uma foto vai deixar elas um pouco menos exuberantes. As feias sabem que são feias e tem consciência de que elas não têm solução. Já as meieiras podem ser completamente arruinadas por causa de uma foto. Elas podem passar de gatinhas pra feinhas em poucos cliques. A cara que ela ficou ensaiando no espelho durante um bom tempo é fundamental e eu dou razão a elas. É chato pegar uma mulher que não é fotogênica. Metade do prazer que o homem sente em pegar uma mulher está em contar tudo para os amigos. Muitos deles só vão conhecer a mulher que você está pegando por foto e se ela não for fotogênica, a foto enviada terá com certeza um “ela tá horrível nessa foto” acompanhando. Ela pode até ser melhor do que aquilo que ela aparenta na foto, mas aquela impressão de feia-arrumada vai prevalecer no inconsciente do seu amigo, fazendo com que ele não sinta aquela pontinha de inveja saudável que você tanto queria que ele sentisse. Metade do prazer por água abaixo.

domingo, julho 24, 2005

Blog da Amargura

Ter um blog até que dá um certo trabalho. É legal quando você tem alguma coisa pra falar, qualquer resmungo que você imagina que alguém que não tem mais o que fazer vai ler. Difícil é quando falta assunto pra resmungar. Sim, assunto pra resmungar. Raramente eu vou me dispor a escrever aqui pra falar bem de alguém ou de alguma coisa sem que essa coisa bem falada não represente nada além de um contraponto a algo principal do qual eu esteja falando mal. Minha capacidade de escrever é movida pela amargura. Sou um sujeito normal, feliz na maior parte do tempo, porém amargo feito um jiló. Que fique bem claro que o que vem escrito a seguir não se refere a mim, mas acredito que, na maioria das vezes, os sentimentos negativos foram a grande locomotiva intelectual dos grandes gênios das artes (não que todos gênios das artes sejam negativos nem que todos os artistas negativos sejam gênios). O blog talvez seja uma ferramenta tão adequada aos amargos quanto o blues aos tristes. Se eu fosse triste no lugar de amargo, eu (se tivesse talento para tal) comporia um blues. Se eu fosse um rapaz alegre e não tivesse um cérebro, eu comporia um pagodinho ou um pop rockzinho (não é necessário talento para isso). Mas tenho a natureza amarga e aqui estou.

sexta-feira, julho 22, 2005

Roteiro do meu filme

Vou escrever um filme que vai me render milhões. Já tenho quase tudo em mente: o roteiro, alguns nomes para as principais personagens... Não há a menor perspectiva de fracasso, já posso me considerar um milionário. A idéia é basicamente essa:

O jovem repórter Mark Walker Red Label (Hugh Grant ou Adam Sandler) tem problemas de relacionamento com pessoas porque é viciado em trabalho. Sua ex-esposa Felicia Shultz (Kate Hudson ou Wynona Ryder) vive no seu pé para que ele realize as tarefas domésticas, como limpar o cocô do cachorro (pode ser o cachorrinho da Gisele Bundchen, Paris Hilton ou Britney Spears, pra gerar publicidade) que compraram enquanto ainda eram casados. Um dia, durante a gravação de uma reportagem, ele conhece uma cigana (Mãe Dinah) no meio da rua que diz que ele vai encontrar o amor da sua vida. Mark então começa uma procura desesperada pela mulher amada, sem perceber que a estagiária do jornal, Jessica Philips (Julia Roberts ou Cameron Diaz) é a mulher que ele tanto procura. Cercado de trapalhadas e situações engraçadinhas, o casal sofre vários desencontros até que no final o amor triunfa.

Por um acaso o meu filme soa familiar? Será ele diferente de 95% das comédias românticas escritas até hoje? Tenho certeza que todas as donzelas sairão chorando do cinema. Como é fácil enganar uma mulher, principalmente as solteiras, com um filme ruim. Tudo o que a maioria das mulheres solteiras quer ver no cinema é uma prova de que ela também pode dar certo, seja ela morbidamente obesa (como aquele filme, O amor é cego), uma total desajeitada (como Nunca fui beijada) ou até mesmo uma "mariposa de esquina" (Uma linda mulher). E para a direção do filme, o nome não poderia ser outro, senão do meu enganador favorito: George Lucas.

A culpa é da MTV

Maldita MTV e sua idolatria pelos Ramones. É muito irritante o modo como todos os programas que falam de qualquer coisa fazem questão de mencionar essa porcaria de banda. No Top Top então eles aparecem toda semana. Eles apareceram em todos os poucos que eu vi até agora: bandas mais influentes, gringos que fazem a festa no Brasil e pasmem, até no Top Top de guitarristas aqueles merdas apareceram. Pasmem ainda mais, na frente de Eric Clapton e Jimmy Page numa lista que não contou com nomes como de Stevie Ray Vaughan. É ridículo. Uma porcaria de uma banda que não conseguiu nem fazer cover dos Beatles idolatrada por uma geração inteira de babacas liderados por João Gordo, o eterno adolescente. Como se a música se resumisse a uma rebeldia forjada em uma calça jeans surrada e um casaco de couro. Por isso o cenário musical hoje em dia anda tão vazio. Todo mundo segue essa máxima "foda-se o talento, o que importa é a atitude" que a MTV faz questão de divulgar. Até para extender a discussão, eu sou contra qualquer videoclipe que não seja uma banda tocando ao vivo. Uma das coisas mais legais de ouvir uma música boa é dar àquela música um cenário. Qual é o ser humano que ouve Come Rain or Come Shine - Eric Clapton & BB King e não lembra imediatamente de um ex-amor? Que indivíduo não se imagina em um carro esportivo fugindo em uma perseguição alucinante quando ouve Gimme Shelter - Rolling Stones? Os clipes de hoje em dia só reforçam a idéia de que imagem é tudo e que a indústria musical gira muito mais em cima da aparência legal da banda do que da qualidade e compromisso dos seus músicos. E a culpa é da MTV.

quinta-feira, julho 21, 2005

SANDUÍCHES E PIPOCAS

Sempre critiquei o fato de as mulheres terem total controle da decisão em um relacionamento. São elas quem decidem se querem ou não te dar um beijo, se o relacionamento está maduro o suficiente ou não para encarar o sexo. Achava isso um absurdo. Pois é, achava. Recentemente descobri uma coisa que fez mudar completamente a minha opinião: eu não sei rejeitar uma mulher. Não sei dizer não a uma mulher sem ficar com aquela culpa de quem acaba de cometer uma viadagem imperdoável, com aquela culpa de quem desperdiça comida em um país de famintos. Vamos aos fatos: outro dia eu saí para um barzinho com amigos. No bar estava uma mulher que estava me dando um mole federal, mas que eu não queria pegar, a quem vou dar o nome fictício de Jupira. Ela me fitava insistentemente, e eu sempre desviando o olhar. Ela me seguia por todos os cantos e eu sempre a fugir. Tudo estava indo bem até que veio a hora da despedida. Aproximei-me com esta cara de babaca que Deus me deu, oferecendo-lhe um abraço inocente e um beijinho infantil no rosto. Jupira veio sedenta de saciar-se desse meu corpo esguio. Eu percebi o movimento dela, percebi que sua boca procurava a minha boca, sabia que o que aconteceria a seguir não era aquilo que eu desejava, mas vi-me impotente perante a determinação de Jupira e não consegui fazer valer a minha vontade. Deu no que deu. (...) Outro dia eu estava filosofando sobre este acontecimento, buscando entender o porquê da minha passividade. Na verdade mesmo, eu estou precisando é de uma namorada. Quero passar um tempo sossegado, longe das badalações da vida de solteiro. Gostaria de ter uma mulher que tenha gostos parecidos com os meus, mas pra falar a verdade, como a minha busca por essa mulher vem de seguidos fracassos, me contento se ela for sexualmente atrativa pra mim e que suporte as minhas manias chatas. Quero passar as noites de sábado vendo filminho em casa, quero ter alguém que me traga cervejas e tira-gosto enquanto eu assisto futebol, que me encha o saco porque eu saí com meus amigos no sábado à tarde e enchi a cara. Nunca pensei que fosse chegar a tal conclusão, mas a vida me pregou essa peça. O que não falta por aí é mulher pra tapar buraco, mas namorada mesmo está difícil, até por que eu não quero colocar a minha testa em risco por qualquer uma. Pela minha inaptidão em rejeitar mulheres que me confrontam, ao invés de dividi-las em pegáveis e não-pegáveis, passei a dividi-las em dois grupos particulares: as sanduíches e as pipocas. Acompanhe meu raciocínio metafórico: pipoca é uma coisa difícil de se recusar, mesmo quando se está sem fome. A pipoca incomoda mais do que traz benefícios, posto que ela te desidrata consideravelmente e ainda por cima gruda nos espaços entre os seus dentes de uma maneira que nem a física moderna consegue explicar. Mas quando alguém te oferece uma pipoquinha, você até pode recusar de início, mas vai acabar pegando um pouquinho. Jupira é pipoca. O problema é que atualmente eu estou com fome. Ando procurando desesperadamente um saboroso e suculento sanduíche, mas eu só acho barraquinha de pipoca. E cá pra nós, não dá pra matar a fome com pipoca.

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