sábado, julho 30, 2005

Eu sou bonito.

Eu sou bonito. Descobri isso ontem à noite. Fomos eu e uns amigos para um bar estilo happy hour aqui em Sampa. Eram umas 22h30min da noite e a pista de dança ainda estava cheia de gente, a grande maioria do sexo masculino. Estávamos lá, nos divertindo, rindo um da cara do outro até que eu resolvi sair pra procurar alguma menina bonitinha pra dar uns malhos. Achei um grupinho razoável (tarefa difícil nesse dia) e fiquei observando de longe qual seria o meu alvo. Eu sempre me considerei um sujeito mais ou menos. Não me achava feio, mas tinha consciência de que eu não era nenhum Brad Pitt. Por esse motivo é que eu normalmente ataco a segunda menina mais bonita dos grupinhos que eu vejo. Não tinha a ousadia de chegar na melhor logo de cara. Pois bem, quando eu me preparava pra dar o bote na segunda mais bonita, eis que surge um japa no meu caminho. O japa bateu no meu ombro e falou: “É... chegou a minha vez” e colou justamente na menina que eu iria chegar, deixando como alternativa pra mim apenas a melhor do grupinho. Esperei um tempo, mas o japa gostava de falar e ficou lá no pé da muchacha um bom tempo. Desisti e ia me afastando, até que eu senti uma mão oriental me puxando pelo ombro. Era o japa, que chegou falando: “Vem aqui, deixa eu te apresentar as meninas”. Eu fui, afinal seria uma boa oportunidade de lançar um olhar de desejo na direção da muchacha perseguida pelo japa. Quem sabe assim, conhecendo as minhas intenções, ela não o dispensaria rápido e viria correndo para os braços do Cabelito aqui? Fui lá, apresentei-me para umas três mocréias, apresentei-me pra segunda mais bonita, lancei o olhar fatal (o meu olhar fatal diz: “te quero, baby”) e me afastei para que ela se sentisse à vontade para dispensar o japa. Foi então que eu senti uma macia mãozinha no meu antebraço, que deslizou suavemente até os meus dedos, me puxou e perguntou se eu não iria me apresentar a ela. Era a mais bonita do grupo (Tânia, o nome dela. Nota 7,75. Rostinho bonitinho, cabelos negros, magrinha, porém apetitosa). Disse a ela meu nome, falei mais umas três ou quatro frases e parti pro abraço. Naquele momento, as sentenças que surgiam em meus pensamentos eram: “beleza, consegui pegar uma gatinha nesse antro de mocréias” ou então “bendita a hora que o japa chegou na segunda melhor do grupo”. Foi então que eu decidi me ausentar por uns instantes para procurar os meus amigos, que haviam sumido de onde eu tinha os deixado. Dei uns seis passos olhei em volta, não vi meus amigos. Olhei pra trás e a cena que eu vi foi algo inusitado: a gatinha que eu há pouco tinha nos meus braços estava comemorando com as amigas o fato de ter ficado comigo. Eu, que achava que tinha grandes chances de levar um fora dela (como eu vi muitos outros levarem antes de mim) era uma espécie de troféu para ela. Isso foi uma grande massagem para o meu ego outrora murcho. Principalmente quando ela viu que eu estava vendo tudo. Ela me lançou um olhar sem graça e eu, um sorriso cínico e uma piscadela com o olho esquerdo. Achei meus amigos na fila para pagar, os deixei lá e voltei para os braços de Tânia por alguns instantes. Beijos, abraços, carícias e um telefone para o qual eu não vou ligar. Agora eu sou bonito, mereço mais.

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