quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Rafael Cariello

Mais um esquerdinha barato infiltrado na imprensa. Rafael Cariello, repórter da Folha, foi designado para escrever uma matéria sobre a nova direita que surge no Brasil. Esta matéria é, se não mal-intensionada, tendenciosa ao extremo. Com uma classificação caricata e absurda do pensamento direitista, o leitor mais ingênuo pode cair no conto deste jornalista, que usa a máscara da imparcialidade para definir a direita como raivosa. O primeiro parágrafo é a prova disso. O que ajuda a matéria são algumas das citações inseridas no texto. Enfim, vou concluir o post da mesma forma como Rafael Cariello concluiu a sua matéria: citando Reinaldo Azevedo. "No país em que se tem uma esquerda dessas, quem tem um olho logo vira direitista". O link da matéria aqui (só para assinantes).

Direita, volver!

RAFAEL CARIELLODA REPORTAGEM LOCAL

De repente passou a ser bacana o sujeito, numa festa ou numa mesa de bar, rodopiar a taça de vinho e desfilar frases do tipo "essa canalha bolchevique do PT não sabe nem falar português", seguidas de elogios à atuação de George W. Bush no Iraque ou de incursões "teóricas" das quais a principal lição a ser retirada é que só é pobre quem quer.

Cada vez mais à vontade no país que se seguiu à estabilização monetária e, principalmente, ao tombo ético da administração petista, uma nova direita esbalda-se no Brasil de Luiz Inácio Lula da Silva.

Foi-se o tempo em que a direita parecia se concentrar sobretudo na economia -cujo "bunker" é a PUC do Rio, hegemônica na área desde o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Com rosto mais "cultural", na imprensa, articulistas como Diogo Mainardi, da revista "Veja", Reinaldo Azevedo, da revista-site "Primeira Leitura", e Nelson Ascher, desta Folha, encarnam a renovação da tendência. São as versões atualizadas de intelectuais como o "decano" Olavo de Carvalho [leia entrevista na página seguinte] ou de polemistas como José Guilherme Merquior (1941-1991) e Paulo Francis (1930-1997).

Antes "oprimida" pela hegemonia cultural de esquerda -vigente no país desde pelo menos a década de 60-, a nova direita foi crescendo em desembaraço e afetação à medida que a esquerda, golpeada por crises, enfiava o rabo entre as pernas e se via representada por figuras duvidosas, como as do PT, anacrônicas, como Fidel Castro, ou patéticas, como o presidente da Venezuela, Hugo Chávez (é preciso reconhecer que o material é estimulante).

Para o pesquisador do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) Marcos Nobre, identificado com a esquerda, o fenômeno "está apenas começando". Ele acredita que os novos arautos da direita se unem numa atitude "raivosa" e também num discurso sedutor. Mas é nas suas linhas mais sofisticadas, diz ele, representadas por nomes como o do economista Eduardo Giannetti, que mora o "perigo" maior.

Já para Reinaldo Azevedo, o perigo são os esquerdistas, que se mostram dispostos a sacrificar a legalidade, mesmo a democrática, em nome de um entendimento peculiar do que seja justiça social. "Eu fico com a legalidade. Nesses termos, eu seria da direita democrática". E acrescenta, provocando: "Se quiserem, no entanto, que eu defenda juros reais de 13% ao ano, podem tirar o cavalo da chuva. Essa direita é o Lula".

O poeta e tradutor Nelson Ascher, colunista da Folha, diz repelir rótulos ideológicos, mas considera que não é um equívoco ser chamado de "direita", se forem seguidas "as regras que aqueles que se denominam "de esquerda" usam para classificar opiniões diferentes". Para ele, "se a religião já foi apelidada de "o ópio do povo", o esquerdismo é o jeans da intelectualidade".

Marcos Nobre considera que o tom adotado por essa vertente revela uma espécie de identificação com o agressor. "Acho que eles apanharam tanto da esquerda, que dizem: "Agora é a nossa vez". Ele vê nesse traço o reflexo de uma crença "revolucionária" da nova direita, que trataria de impor ao Brasil, pela primeira vez na história (segundo seu julgamento), um choque de capitalismo.

"A lógica é que eles se consideram a vanguarda de uma coisa nova no Brasil, que é o capitalismo. Por isso são tão raivosos", diz. Mas ele considera que há "um lado extremamente positivo, que é a consolidação da democracia. É uma direita que legitimamente pode mostrar sua cara."

A opinião é compartilhada em parte por João Cezar de Castro Rocha, professor de literatura comparada na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). "Trata-se de fenômeno positivo para o ambiente democrático. Afinal, durante décadas, houve uma hegemonia quase incontestada do pensamento de esquerda. Assim, bastava empregar o tom "adequado" para ser considerado um intelectual "engajado", portanto, na posição "correta'", diz.

Mas ele vê problemas com os argumentos dos novos direitistas. "Hoje o que vemos predominar são comentários raivosos e ressentidos, como se os casos de corrupção do PT legitimassem a pilhagem do Estado brasileiro realizada por décadas pelos partidos políticos conservadores. E o nível intelectual? Não há nenhuma comparação possível com o alto calibre de [Mario Henrique] Simonsen, Roberto Campos e [José Guilherme] Merquior."

Luiz Felipe de Alencastro, professor de história do Brasil da Universidade de Paris-Sorbonne, também de esquerda, concorda com Castro Rocha e Nobre ao considerar que o governo Lula foi responsável pelo fortalecimento desse discurso. "Razões para criticar não faltam", diz Nobre. "A atuação raivosa vem de antes. Mas no governo Lula é sopa no mel. Mistura tudo, até preconceito de classe."

Castro Rocha é mais duro com os petistas. "Em medida maior do que talvez desejássemos, a força do discurso da direita é uma conseqüência direta da crise política, que é especialmente uma crise simbólica. Ora, se um partido como o PT pôde fazer o que fez, então como impor uma barreira ética à voragem histórica da direita brasileira?"

E Giannetti, o "perigoso"? De cara, o economista, professor do Ibmec São Paulo, rejeita toda classificação desse tipo. "Isso é um cacoete intelectual brasileiro -achar que vai desqualificar o pensador atribuindo a ele um rótulo. A minha disposição é discutir problemas e idéias. Não acho que dê para resumir a complexidade de um pensador reduzindo tudo a um rótulo."

Ele, no entanto, critica a esquerda. "No Brasil, todas as pessoas que eu conhecia se imaginavam de esquerda, revolucionárias, ultraprogressistas, e no entanto a realidade é essa que está aí. Acho que essa história de as pessoas se imaginarem de esquerda no Brasil é que é um tremendo auto-engano. É muito gostoso ficar posando de esquerdista e achando que está com as idéias mais avançadas da sua época. Muitos intelectuais brasileiros nutriram durante muito tempo essa fantasia. A esquerda no Brasil se confundiu muito com o populismo. Com a idéia de que existe um atalho indolor para o crescimento econômico."

A difusão de um novo discurso contrário à esquerda vai produzir mudanças no meio cultural? Reinaldo Azevedo gostaria, mas acredita que não. "Diretores de teatro e de cinema continuarão a pregar a revolução com o patrocínio da Petrobras, que nos arranca o couro com o seu monopólio, mas patrocina proselitismo ideológico para as classes médias mais ou menos intelectualizadas. No país em que se tem uma esquerda dessas, quem tem um olho logo vira direitista", diz.

*Update >> Vejam esse mesmo artigo comentado por alguém que escreve muito melhor do que eu. Graças a Alexandre Soares Silva, a canalhice embutida nesse artigo poderá ser lida por um público bem maior, já que quase ninguém entra no meu blog mesmo.*

Fausto Wolff

Como é que um sujeito desses escreve para um dos maiores jornais do país? Não é à toa que o JB está falido. Contratando jornalistas com a mentalidade de um adolescente, que publicam textos como estes. Abaixo, o texto na íntegra.

As garras sangrentas da águia

À esta altura só algumas velhinhas do município de Rochinha (Little Rock) fingem desconhecer o que se esconde por trás do genocídio americano no Iraque, conforme disse em melhor estilo Gil Dantas, na revista Antítese. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial não passa ano sem que o Tio Sam largue sua águia sedenta de sangue sobre algum país que não lhe lamba as botas. Pode fazer isso oficialmente, como no Vietnã e no Iraque, ou extra-oficialmente, como no Chile, na Nicarágua e no Brasil. No nosso caso, a última ordem a Lula foi: ''Não mostre as caras no fórum da Venezuela''. Bush, como Hitler, está fazendo o que disse que faria. Hitler ganhou as eleições legalmente, Bush teve de fraudá-las. Clinton ainda não protestou e só alguns dias atrás Gore tomou vergonha.

Retaliação às Torres Gêmeas? Nem o mais red neck do Milwalkee acredita nisso. Aliás, muita gente começa a duvidar da existência de Bin Laden e a conjeturar sobre a participação da CIA no estranho episódio no qual um dos aviões, o que atingiu o Pentágono, parecia ser feito de papelão tão rapidamente desapareceu do local juntamente com os corpos. Do Iraque, além de acabar com um dos sítios culturais mais antigos do planeta, pretendem o petróleo. Mas será só isso? Por que Bush pai, ex-sócio dos Laden, não assumiu o controle do Iraque? Por que os Estados Unidos, a maior dívida pública e o maior déficit orçamentário do mundo, resolveu gastar mais em guerra do que em energia alternativa, por exemplo?
Os Estados Unidos têm bases militares em quase todos os países do mundo (voltarei a falar sobre isso) e essa é uma das razões pelas quais não creio que o objetivo maior do Império seja o Iraque. Saddam, por exemplo, pouco interessa ao seu ex-sócio Bush e embora os Estados Unidos vivam uma crise de petróleo, ele também não é a razão principal do baixinho querer transformar o mundo num grande saloon em que ele faça as vezes de cafifa, xerife, juiz, sacerdote, banqueiro, general e principal latifundiário. Enfim, ele sabe que só dominará o mundo se dominar o Oriente Médio, o que não vem conseguindo fazer nem com o auxílio de Israel. As maiores reservas de petróleo estão concentradas em três áreas, nenhuma delas totalmente dominadas pelos americanos: Arábia Saudita e Iraque, Venezuela e nas ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central.
O genocídio no Iraque deve-se ao fato de Saddam não só ter ousado negociar com a Alemanha e a França como com a Rússia e a China. Eis o esquema: acabar com as companhias estrangeiras no Iraque e no Irã e colocar companhias americanas - Exxon, Chevron, Texaco etc. - no lugar. Controlando o preço do petróleo via Irã e Iraque enfraqueceria a Opep e a Venezuela e restabeleceria sua economia interna e externa. O problema é o euro: a Opep e a União Européia pretendem adotá-lo em seus contratos. A Argélia e a Líbia vão pelo mesmo caminho. A Rússia e a China converteram quase metade de suas divisas em euro. A Coréia do Norte já não usa o dólar, a Venezuela diversificou as reservas do banco central em direção ao euro e a Malásia anunciou que vai adotar o dinar islâmico em vez do dólar. Apesar das transações e das divisas internacionais continuarem em dólar, a zona euro tem maior participação no mercado que os gringos. A pergunta genial que Gil Dantas faz e que ainda não li formulada em lugar algum é a seguinte: Bush invadiu o Iraque porque seu país é forte ou porque não é tão forte quanto quer parecer? Invadir um país como o Iraque e ser obrigado a ver jovens americanos morrerem todos os dias foi uma demonstração de força vitoriosa? Por que não fizeram isso com a China ou a Rússia?
Não creio que meus leitores - a maioria comprovadamente informada e inteligente - acreditem que os americanos querem democratizar o Iraque ou que Israel queira democratizar a Palestina. Se fosse assim, por que deram forças às ditaduras principalmente na América do Sul e Central? Libertaram o Afeganistão? Negativo. Ele continua sendo um narcoestado com miséria endêmica. Mas as bases americanas aumentaram nas fronteiras da China e do Irã.
Tudo isso me faz crer que dentro em breve os sete grandes estarão brigando entre si, principalmente USA e Alemanha, pois está provado que o Iraque não tinha armas e a guerra continua. Aliás, se quisessem acabar com as armas no Oriente Médio teriam de começar com Israel, o maior centro de armas nucleares, biológicas e químicas da região, e pelo Paquistão, aliado dos americanos e conhecido ninho do Al Qaeda. Bush é louco, mentiroso, hipócrita e provavelmente psicopata. Não se deterá diante de nada. O que o resto do mundo que quer viver em paz espera para guardá-lo?

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Regina, eu te odeio!

Alemanha, 2006. Este será o cenário do maior evento esportivo do ano, a Copa do Mundo de futebol. Trinta e duas seleções disputarão a taça, apenas um capitão irá erguê-la no final da competição. Em 2002 esse homem de muita sorte foi Cafu. Eu gosto do Cafu. Acho um bom lateral, não sou nem tão contra assim a sua condição de titular da seleção. Difícil para mim é concordar com o fato de Cafu ser o capitão da seleção brasileira. Pra começar, já não se vê liderança alguma de Cafu dentro do campo. Não é um jogador que fala, não puxa um time pra frente. Não é um líder. Por fim, Cafu é um egoísta. Cafu é um paspalhão. Jamais vou perdoar o gesto de Cafu ao erguer a taça em 2002. Aos olhos dos mais desatentos, Cafu foi um romântico. Aos meus olhos, Cafu foi um idiota. As palavras dele segundos antes de levantar o troféu foram “Regina, eu te amo!!”. Cafu usou os holofotes do mundo, usou a condição de capitão da seleção brasileira, usou o suor de seus companheiros para homenagear a sua amada esposa no momento mais impróprio. Talvez ele tenha se esquecido que a taça em si não é dele. É do povo brasileiro, que torce como nenhum outro para o sucesso da sua seleção. É do povo que pára totalmente suas atividades quando há jogo do Brasil na copa do mundo. É do povo a taça, não de Cafu. Em momentos como estes, que se repetiram para a nossa seleção mais do que para qualquer outra do mundo, foram exemplares os capitães Bellini, Mauro e Carlos Alberto Torres. Levantaram a taça com o respeito necessário a esta ocasião. Até mesmo Dunga fez muito melhor do que Cafu. Pra quem não se lembra, as palavras de Dunga ao levantar a taça foram “É nossa, porra!” e um mais velado “É pra vocês, seus traíras”, em um desabafo destinado ao povo brasileiro. É incontestável que a seleção tetracampeã do mundo foi a que saiu do Brasil com o maior índice de rejeição da história. Ninguém acreditava na seleção de Parreira em 94, todos os jogadores (exceto Romário), especialmente Dunga, cujo fracasso na copa de 90 ficou conhecido como “a era Dunga”, eram duramente criticados. Dunga chamou o povo brasileiro de traíra, mas em momento algum ele pensou que aquele momento fosse seu. Aposto que sequer passou pela sua cabeça ser o protagonista de algo lastimável como o gesto de Cafu. Até mesmo por respeito a todos os outros que usaram a braçadeira de capitão da seleção mais vitoriosa do planeta em copas do mundo, Cafu não merece ser o capitão. Ele ama Regina, não ama a pátria.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Sobre Casamento

"Casamento é igual a piscina gelada: o primeiro idiota que pula fica lá dentro fingindo que a água está boa." (Autor desconhecido)

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