quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Regina, eu te odeio!

Alemanha, 2006. Este será o cenário do maior evento esportivo do ano, a Copa do Mundo de futebol. Trinta e duas seleções disputarão a taça, apenas um capitão irá erguê-la no final da competição. Em 2002 esse homem de muita sorte foi Cafu. Eu gosto do Cafu. Acho um bom lateral, não sou nem tão contra assim a sua condição de titular da seleção. Difícil para mim é concordar com o fato de Cafu ser o capitão da seleção brasileira. Pra começar, já não se vê liderança alguma de Cafu dentro do campo. Não é um jogador que fala, não puxa um time pra frente. Não é um líder. Por fim, Cafu é um egoísta. Cafu é um paspalhão. Jamais vou perdoar o gesto de Cafu ao erguer a taça em 2002. Aos olhos dos mais desatentos, Cafu foi um romântico. Aos meus olhos, Cafu foi um idiota. As palavras dele segundos antes de levantar o troféu foram “Regina, eu te amo!!”. Cafu usou os holofotes do mundo, usou a condição de capitão da seleção brasileira, usou o suor de seus companheiros para homenagear a sua amada esposa no momento mais impróprio. Talvez ele tenha se esquecido que a taça em si não é dele. É do povo brasileiro, que torce como nenhum outro para o sucesso da sua seleção. É do povo que pára totalmente suas atividades quando há jogo do Brasil na copa do mundo. É do povo a taça, não de Cafu. Em momentos como estes, que se repetiram para a nossa seleção mais do que para qualquer outra do mundo, foram exemplares os capitães Bellini, Mauro e Carlos Alberto Torres. Levantaram a taça com o respeito necessário a esta ocasião. Até mesmo Dunga fez muito melhor do que Cafu. Pra quem não se lembra, as palavras de Dunga ao levantar a taça foram “É nossa, porra!” e um mais velado “É pra vocês, seus traíras”, em um desabafo destinado ao povo brasileiro. É incontestável que a seleção tetracampeã do mundo foi a que saiu do Brasil com o maior índice de rejeição da história. Ninguém acreditava na seleção de Parreira em 94, todos os jogadores (exceto Romário), especialmente Dunga, cujo fracasso na copa de 90 ficou conhecido como “a era Dunga”, eram duramente criticados. Dunga chamou o povo brasileiro de traíra, mas em momento algum ele pensou que aquele momento fosse seu. Aposto que sequer passou pela sua cabeça ser o protagonista de algo lastimável como o gesto de Cafu. Até mesmo por respeito a todos os outros que usaram a braçadeira de capitão da seleção mais vitoriosa do planeta em copas do mundo, Cafu não merece ser o capitão. Ele ama Regina, não ama a pátria.

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