quinta-feira, dezembro 15, 2005

Violência Urbana

Fui vítima de uma tentativa de extorsão esta semana. A parte boa é que ficou só na tentativa. A parte ruim é que eu levei o maior susto da minha vida. Ligou um sujeito na minha casa se identificando como sargento da polícia. Disse que havia ocorrido um acidente de carro na marginal pinheiros, em São Paulo, que a vítima não estava em condições de responder e que precisava confirmar uns dados comigo. Perguntou qual era o nome do meu pai e qual carro ele dirigia. Dei respostas simples, apenas o primeiro nome e o modelo do carro. A esta altura, meu coração já estava quase saltando pela boca. Na seqüência, o sujeito disse que não havia ocorrido acidente nenhum e que na verdade, ele era um bandido que tinha seqüestrado o meu pai. Por trabalhar em um banco, meu pai é uma provável vítima de seqüestro e eu, com as pernas e mãos tremendo, perguntei quais eram as suas exigências. O bandido então disse que exigia dez mil reais em dinheiro, ordenou que eu saísse de casa imediatamente para sacar o dinheiro, pediu o número do meu celular (que eu prontamente forneci) e me mandou atender na primeira chamada. Disse também que estava com uma arma apontada para a cabeça do meu pai e que, se eu tentasse entrar em contato com a polícia, com o telefone celular do meu pai ou fizesse qualquer outra “gracinha”, meu pai seria prontamente executado. No meio tempo em que o bandido tentou ligar para o meu telefone, eu fiz uma ligação para a minha mãe e pedi que ela ligasse para um colega de trabalho do meu pai e perguntasse por ele. O bandido não conseguiu falar no meu telefone celular (que é pós pago e não aceita chamadas a cobrar) e tornou a ligar na minha casa. Dessa vez, ele foi mais ameaçador e fez alguns ruídos de como se estivesse espancando o meu pai. Disse que ia tentar ligar novamente no meu celular e desligou o telefone na minha cara. Foi então que a minha mãe retornou a ligação e disse que o meu pai estava bem, que estava no trabalho e que nada havia acontecido. O desgraçado ligou novamente na minha casa e eu o mandei para a puta que o havia parido com todas as forças que alguém pode fazê-lo. Depois liguei para o meu pai e me permiti chorar descontroladamente ao ouvir a sua voz. Eu sei que fiz um monte de coisas erradas (dar o nome do meu pai, ainda que somente o primeiro nome, o meu celular... ), mas a verdade é que quando alguém coloca a vida do seu pai nas suas mãos, nada disso é levado em conta. Eu já tinha lido a respeito desse golpe, na semana anterior a mãe de um amigo havia passado pela mesma situação e mesmo assim, quando se recebe uma ligação destas, qualquer atitude lógica e racional que a minha mente foi instruída para tomar foi por água abaixo. A violência urbana agora nos faz vítimas em outro estágio. Nos amedronta com ameaças falsas, nos confunde com mentiras plausíveis e em cima disso tenta tirar vantagem financeira sem ter que correr os riscos de um seqüestro de fato. Talvez eu tenha sido ingênuo por cair em um golpe que eu conhecia. Mas quando o destino do seu próprio pai parece estar seriamente ameaçado e que o único capaz de salvá-lo é você, é impossível agir, mesmo que minimamente, de maneira racional.

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