sexta-feira, abril 21, 2006

Gilberto Dimenstein e sua inversão de valores

Por que sinto orgulho do Brasil

A informação mais importante sobre tudo o que está acontecendo no Brasil é basicamente uma: a extraordinária maturidade política. Isso é o que devemos mostrar, com orgulho, aos mais jovens, para que eles também possam se sentir orgulhosos do país em que vivem.

Raras vezes se viu uma investigação tão profunda sobre corrupção no Brasil, o que revela não a decadência dos costumes (corrupção sempre houve), mas nossa capacidade de investigá-la e punir seus responsáveis. Isso se deve ao aperfeiçoamento das instituições, que custou muito esforço, o esforço de uma geração.

Apesar de meses e meses de tensões, não se fala em golpe, os militares não emitem opiniões, não existem brigas nas ruas ou ataques contra o Congresso. Cai o ministro da Fazenda (e não era qualquer ministro da Fazenda) e a economia consegue manter o equilíbrio.

Para uma geração como a minha que foi criada nos tempos do regime militar, não é pouca coisa. Aliás, é motivo de um tremendo orgulho. Quem não estiver entendendo isso, desculpe a arrogância, não está entendendo nada.

Esta é a coluna de Gilberto Dimenstein na Folha, datada do dia 18/04. O que o autor evoca como motivo de orgulho, eu chamo de vergonha. Há de se ter vergonha do Brasil quando jornalistas da importância de Gilberto Dimenstein se dizem orgulhosos de ver o quanto o Brasil amadureceu politicamente, sendo que neste desgoverno petista só temos andado pra trás. Eu, ao contrário de Gilberto Dimenstein, não sinto um pingo de orgulho pela atual maturidade política do Brasil. Orgulho eu sentirei no dia em que não houverem motivos para investigações tão profundas como as que ilustram as páginas dos jornais de hoje. Orgulho eu sentirei no dia em que jornalistas não digam que "corrupção sempre houve", rendidos às falcatruas federais. Orgulho eu sentirei no dia em que estes mesmos jornalistas não tenham a cara-de-pau de vangloriar a nossa capacidade de investigar e punir, mesmo depois de tantos inegáveis culpados absolvidos naquele circo armado em Brasília. Se Gilberto Dimenstein acha que é suficiente não haver o risco de golpe militar, se ele acha benéfica a passividade do povo em relação aos muitos pilantras que nos assaltam diariamente e nos enojam com a sua incompetência, me desculpe a arrogância Sr. Dimenstein, mas quem não está entendendo nada é o senhor.

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